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Por que não aderi a trend “estilo Studio Ghibli”?

  • belreisender
  • Apr 2
  • 3 min read

Nunca condenaria quem está feliz e contente com seu retrato editado no ChatGPT – até porque, estaria sendo hipócrita. A IA é uma ferramenta muito interessante que me ajuda quando eu estou sem ideia para um post, para corrigir um texto e para pedir conselho sobre negócios.


(Nossa, acabei de me dar conta que a IA desempenha um papel semelhante com o dos livros de autoajuda na minha vida, uau)

 

Apesar disso, e de saber usar a IA, não tem uma linha sequer do meu livro que não tenha sido escrita por mim. Quer saber o porquê?  Tem tudo a ver com Miyazaki.

 

Para contar uma boa história é preciso ter alma.

 

“Ah, mas é tudo receita”, sim, crie uma obra que é só receitinha de manual de escrita e você tem maioria dos filmes Disney e Dreamworks dos últimos 10 anos. O filme começa e você já sabe como vai terminar, não tem mistério, nem construção de personagem, mal terminou e você já esqueceu.

 

Criar algo exige sensibilidade e capacidade para tal. E a IA não tem nada disso.

 

A dita “inteligência” é técnica, sendo criada para ajudar cientista a fazer conta e a analisar dados. Ela é o empregado que nunca reclama, não dorme e nem fofoca em serviço... É dizer, uma chata. Ela não tem o dom da imaginação e, por isso, não cria nada, ela apenas te responderá o que você pede a ela.

 

Criar é coisa de quem é vivo.

 

Mas ela até pode te enganar! Só saiba que por detrás de toda grande IA tem... Pessoas.

 

E isso vai desde o conhecimento que o mundo inteiro colocou na internet e que foi ilegalmente usado para produzir esses programas (inclusive, vocês já perceberam que nenhum governo está movendo uma palha sequer nesta discussão? Do nada, direitos autoriais não existem mais) até a mão de obra que é usada para treiná-la ainda hoje.

 

E mesmo assim ainda não tem materialidade! Desligou o celular ou o computador, que obra a IA fez? Nenhuma. A grande verdade que ninguém jamais vai falar é que uma IA bem programada ainda assim não é superior a um grupo de pessoas que estuda, possui e domina os equipamentos certos e que trabalham juntas determinadas em prol de um objetivo em comum. Seus resultados podem fazer a diferença na realidade, mas para isso, precisam de mãos humanas.

 

Quando olhamos para a esmagadora maioria dos usuários de IA, compreendemos que o sucesso dos programas depende do quanto as pessoas vivem no mundo virtual e da insuficiência de recursos financeiros para contratar alguém.

 

Criar algo bom envolve anos de treino, estudo e trabalho por parte dos artistas – e é isso que está por detrás das obras do Studio Ghibli.

 

Não é exagero algum definir Miyazaki e o Studio Ghibli como uma inspiração para todo e qualquer artista. Tanto como contador de histórias, como desenhista e animador dedicado, com uma relação visceral com suas obras, mas também como um pensador e (por que não?) um filósofo.

 

Miyazaki é um bruxo que fez toda uma geração de jovens acostumados com músicas monótonas, que ensinam homens a tratar mulheres como objeto e mulheres a se submeterem a tal, escutar violinos sem uma palavra sequer infinitamente, mergulhando-a em universo florido, repleto de comidas apetitosas e magia.

 

Tudo isso com desenhos feitos à mão, uma raridade preciosa e orgânica, repleta de fé nas capacidades do ser humano de atuar no mundo – apesar das maldições e da escuridão que permeiam seus sonhos e corações.

 

Por isso, ao se deparar com a IA, ele diz “isso é uma insulto à própria vida”.

 

Não usar um filtro demonstra respeito ao artista, a sua equipe e tudo que os compõem. Por todos os momentos lindos que suas obras me proporcionaram, eu não apenas os respeito, como adoro.

 

Mas devo admitir que, ao ver tantas pessoas felizes com suas fotos neste estilo, ainda me pergunto se, lá no fundo, será que ele não fica encantado em ver que tocou tanta gente?

 

(Claro, sem deixar de ficar bravo com o ChatGPT que lucrou com isso)


B.R.

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